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A importância da aceitação, de abraçar o feminismo e se tornar uma pessoa mais feliz

  • Fernanda Fonseca
  • 25 de set. de 2015
  • 6 min de leitura

Decidi que este post vai ser um tanto quanto (bastante) pessoal, porque eu acho que

muitas pessoas vão se identificar com o que vou escrever agora, e – discursos bregas à

parte – eu realmente espero que estas palavras tragam um pouco de consolo para

aqueles que estão passando por uma fase ruim mas também tragam alguma coisinha

positiva, seja ela qual for, na suas bagagens de vida.

Muito bem, não sei quanto à vocês, mas a adolescência me atingiu como a dor de bater

o dedinho mindinho do pé na quina da mesa: forte, súbita e latejante. Eu sempre fui uma

pessoa muito introvertida, apesar de ter sido uma criança comunicativa, mesmo com

minha timidez. Lembro que nunca gostei de boneca (inclusive minha primeira e única

Barbie eu só ganhei porque sem ela eu não conseguiria participar da ‘festinha de boneca‘

que minha amiga organizou) e conforme ia ficando mais ‘mocinha’ as coisas só ficavam

mais evidentes. Meus melhores brinquedos eram uma bola para brincar de baleado,

morcegos e lagartixas de plástico que eu usava pra assustar os meus pais e minha

imaginação que eu usava para ‘explorar’ a rua do meu prédio com minhas amigas (o que

geralmente resultava em muitas manchas roxas e algumas cicatrizes que existem até

hoje no meu joelho). Resumindo, eu era a ‘menina moleca’ que subia em árvores.

Até que BAM! Apareceram aquele par de peitinhos, aquele cheirinho vindo das axilas ...

e aquela sensação constante de desconforto, provocada por um malha que apertava o

tórax e aquele creme nojento que minha mãe insistia que eu passasse na subaqueira se

não ia ficar fedendo ... Ah! Sem esquecer daqueles pelinhos estranhos que estavam

crescendo ali em baixo ... Não sei exatamente o dia que isso começou mas quando dei

por mim, estava com vergonha do meu corpo, vergonha daquelas mudanças todas,

vergonha de correr na rua porque meus peitos (que eu ODIAVA porque insistiam em

crescer a cada dia!) ficavam balançando e isso atraia olhares .... SIM! OS OLHARES!

Olhares de homens de barba, olhares de homens mais velhos, comecei a perceber que

minhas pernas atraiam olhares, meus quadris atraiam fuxicos e meus seios atraiam

assovios nas esquinas ... Passei a não gostar de andar na rua. E para piorar a situação

surgiu aqueles pneuzinhos indesejáveis. Passei a ficar preocupada com o meu corpo!

Com minha aparência! Escolhia roupas que escondiam ao máximo minhas curvas ... e

passei a me achar feia. Detestava aquele casulo que cresceu em mim e me impedia de

brincar de bandeirinha e subir em árvores sem que eu ficasse aflita se minha barriga

aparecesse. Passei a ficar mais no meu quarto. O lado bom disso tudo é que finalmente

entrei em contato com o meu gosto ‘exótico’ de músicas e filmes (livros não porque eles

sempre foram uma constante na minha vida, mesmo antes de aprender a ler, graças aos

meus maravilhosos pais que me proporcionaram viver aventuras dentro do castelo de

Hogwarts e participar de desventuras com os Baudelaire).

E então BAM! Mudei de cidade, primeira vez que fazia isso, já no segundo ano do ginásio,

fui para uma escola onde as pessoas eram muito iguais, muito vazias. Parecia que eu

revivia os mesmos papos e assuntos todos os dias não importasse com quem eu

conversasse. Fúteis. Essa palavra define: Fúteis. (A não ser por 3 menininhas

maravilhosas que eu guardo até hoje no fundo do meu coração!) E ai eu passei a me

sentir deslocada. Sozinha. Nem os meus ‘conhecimentos adquiridos’ me salvavam, pois

descobri que as pessoas não querem saber porque você acha que Bob Dylan foi mais

importante para a história do rock do que os Beatles (sim, me julguem!). Ou porque você

acha que a letra de Unsolved Mysteries do Animal Collective apesar de ser muito tensa é

também muito brilhante! (Ainda mais aquele trechinho que me faz arrepiar toda vez que

eu ouço!). Ou ainda, elas estão pouco se lixando para discutir as teorias de viagem no

tempo de Donnie Darko .... Mas eu não as culpo. Esses papos não são exatamente um

bom quebra-gelo. E eu tão pouco estava afim de conversar sobre o mais novo escândalo

da Shakira. Eu amo quando eu tenho a oportunidade de ouvir alguém conversar sobra

suas paixões! Aquilo que fazem seus olhos brilharem, sabe? As opiniões e esquisitices

que fazem de você quem você é! Mas eu não achava nada disso lá.

Então veio a depressão. Perdi o sentido da vida. E eu coloco dessa maneira, porque

parecia que todo mundo sabia qual era o seu propósito, mas de alguma forma o meu

sentido, minha alegria de viver tinha brincado de pique-esconde e eu não conseguia

acha-lá em nenhum lugar não importasse o quanto eu procurasse. Passei a me cortar

como forma de aliviar a dor. E foi ficando mais grave. Mais forte. Mais profundo. Até que

meu pai descobriu. Não esqueço da sua cara de desespero. Queria poder apagar essa

lembrança da minha memória. E da dele. Passei a ir na psicóloga (super recomendo btw,

me ajudou demaaaaaais a me entender!) e no meu terceiro ano de ginásio mudei de

escola. MELHOR. ESCOLHA. DA. VIDA. Conheci pessoas maravilhosas, pessoas de bom

coração de verdade! E foi ai que eu entrei em contato com o FEMINISMO!

O feminismo (além de todas as mudanças que ocorreram na minha vida naquele ano ... e

meu Senhor do Bonfim! Foram MUITAS) me ajudou a reconhecer meu próprio valor, a

me respeitar, a me amar mais, e eu acabei descobrindo que eu não me odiava, eu achava

que me odiava por ser tão diferente, mas NÃO! EU É ME AMAVA POR SER DIFERENTE!

ME AMAVA PRA CARALHO! E calma, este negoço de se amar não é tão fácil assim! Tipo,

não rola do dia pra noite sabe? É um processo que você tem que tentar cultivar todo o

dia, e tudo bem se você não estiver com paciência amanhã ou se achar um fracasso

porque não passou no teste de direção. Mas tente sempre tentar ver o lado positivo das

coisas, eu passei a enxergar o mundo com outra lente! Passei a tentar entender mais as

pessoas e a tentar ME entender, e passei a COMEMORAR AS MINHAS CONQUISTAS, não

importa quais elas forem. Seja o dia que eu fui na praia, fiquei só de biquíni e mergulhei

no mar pela primeira vez em 2 anos (Ai que saudade de conversar com Yemanjá ...) Seja

a primeira vez que eu liguei o foda-se e usei um short curto que mostrava as minhas

marcas. E ainda, a primeira vez que eu passei a colocar a minha opinião na frente da dos

outros, mesmo que fosse por escolhas ‘burras’ (Como da vez que eu pintei o cabelo de

roxo e estraguei ele tão bad que o coitado ficou com cor de mato queimado o resto do

ano inteiro e eu tive que ouvir minha mãe encher o meu saco com zilhões de eu te disse

... Foda-se eu queria pintar e pintei!). Foi o melhor ano da minha vida! Passei a levar a

vida mais leve, pratiquei o amor livre, explorei minha (pan)sexualidade e passei a me

orgulhar das minhas raízes (Antes eu nem queria tocar no assunto, mas sabe de uma?

Hoje eu acho que Salvador tem as melhores pessoas do mundo e o Nordeste é o lugar

mais bonito do planeta!

Não troco o meu Oxi! por nada desse mundo! –Mas só um PS: a

gente não fala meu rei não viu amizade?). E querendo ou não, eu só passei a não me

estressar tanto com as coisas insignificantes da vida, a respeitar aqueles que não

concordam com você (isso eu ainda não me garanto 100% mas tento) e a me aceitar

desse jeitinho que eu sou quando eu comecei a tentar me amar acima de tudo, e eu devo

tudo graças as lindas pessoas que eu tenho nessa vida, e ao bom e velho FEMINISMO.

Hoje eu ainda tenho as minhas marcas do tempo que eu me cortava, mas eu não ligo

mais de mostrá-las, eu penso nelas como uma espécie de ‘tatuagem personalizada’ que

eu mesma fiz e que me lembra que eu sou muito maior do que essas manchinhas ai ...

Então, você, homem, mulher, (e todas as outras palavras que vocês queiram usar para

preencher este espaço!), eu lhes recomendo para uma vida mais feliz uma dose generosa

de FEMINISMO!

esse vídeo é muito lindo e mas não tem legenda

Referências:

http://www.yossiloloi.com/

 
 
 

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