A relevância de mais de 7 milhões de pessoas discutirem a persistência da violência contra a mulher
- Luísa Hostalácio
- 4 de nov. de 2015
- 2 min de leitura

Creio que a maioria dos leitores já tenha conhecimento do tema de redação proposta pelo ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio de 2015, que gerou certa polêmica nesse último fim de semana.
Fiquei muito feliz ao saber do tema da redação dessa edição, ainda mais porque neste semestre tive a oportunidade de aprofundar meus conhecimentos sobre o movimento feminista ao fazer a matéria de temas sobre feminismo e ao participar como voluntária do comitê ONU Mulheres (2020) na 16ª edição do MINIONU. Portanto, discutir feminismo virou parte do meu cotidiano.
Então decidi escrever esse post sobre a XXX do tema do ENEM porque um amigo (sabendo que sou feminista) me questionou se eu tinha gostado do tema da redação e logo respondi que sim (quem, a favor da causa feminista, não gostou, né?), mas a surpresa foi que ele me disse que não tinha curtido e a minha reação foi: “O QUÊ??????????” Tá, ele não tinha gostado por achar que seria mais válido uma discussão que abrangesse violência em geral. Ok. Mas, e qual é o problema disso?
Bem, ao meu ver, o maior problema é achar que violência contra a mulher não é algo para ser discutido. O segundo maior é achar que não há o que ser discutido.
Pois eu disse que gostei do tema da redação sim, principalmente porque acredito que feminismo também é representatividade. Porque eu acredito que colocar mais de 7 milhões de pessoas para discutir sobre a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um salto para o movimento, inclusive aqueles machistinhas que vão apoiar toda a causa feminista e defender os direitos das mulheres nas 30 linhas disponíveis (Parece que o jogo virou, não é mesmo?). Criar uma oportunidade para que todo o país discutisse a questão da violência de gênero, isso é uma conquista.
Eu até acho que a discussão sobre violência de uma forma geral é válida. Mas acho que é tão importante quanto a violência contra a mulher. E não é só porque o tema tá em alta ou porque tem muita gente falando sobre feminismo. Temos que estar sempre umas pelas outras, porque o movimento é lindo, então tem que ter mobilização, tem que ter inclusão, tem que ter discussão. E o que não falta é assunto.
Sabe quantas mulheres são violentadas a cada hora no Brasil?
Sabe quantas mulheres morrem a cada ano só por serem mulheres?
Sabe quantas meninas são abusadas durante a infância/adolescência?
Sabe quantas mulheres e seus filhos são abandonadas pelos maridos?
Sabe quantas mulheres são assediadas em seus trabalhos?
Poderia continuar listando várias possibilidades de abordagens para a redação com o tema de violência contra a mulher que podem e devem ser discutidas, mas não deve acontecer e se limitar durante o ENEM.
E se você não está por dentro desse assunto, amiguinho, você tem duas opções: 1) procure saber do assunto (porque é um movimento lindo); 2) guarde a opinião para si e não ofenda os outros amiguinhos que discordam e têm uma ideia diferente da sua.
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