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Somos todos contra o Cunha

  • Luísa Hostalácio
  • 9 de nov. de 2015
  • 4 min de leitura

#MulheresContraCunha (https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/326223144168236/)

Vamos falar sobre aborto. Então... vamos falar sobre a polêmica PL 5069, de 2013, de autoria do (nem um pouquinho querido) Deputado Eduardo Cunha. Hoje, a lei garante que as mulheres tenham atendimento médico em caso de abuso sexual, e não é preciso que a vítima comprove que sofreu a violência e nem que faça contato com a polícia sobre o acontecido, visto que muitas mulheres se sentem constrangidas de denunciar o crime. Nesse caso, o médico deve prescrever à vítima a pílula do dia seguinte e um coquetel anti-HIV (caso o estuprador seja portador do vírus). Agora, o projeto de lei 5069, altera o atendimento às vítimas de violência sexual e diz que, em caso de estupro, a mulher deve passar pelo exame de corpo e delito e o caso deve ser denunciado à polícia antes que ela passe pelo atendimento médico, também dificulta o acesso da vítima a medicamentos como a pílula do dia seguinte e, caso o médico faça qualquer procedimento ou dê qualquer informação sobre a possibilidade de a vítima fazer o aborto, ele poderá ser preso. Esse vídeozinho da página Mariasmarias vai explicar de forma mais detalhada o projeto que foi votado na CCJ no dia 21 de outubro de 2015.

Vamos falar de retrocesso. É claro que há retrocesso na legislação que protege as mulheres que sofrem abuso sexual. Podemos perceber que, mesmo num país laico como o Brasil, a Bancada Evangélica tem grande influência dentro da Câmara dos Deputados, o que acaba dando poder à Igreja para impor seus valores e suas crenças dentro da política, e isso não é novidade para ninguém. Por isso, assim como tantos outros projetos (absurdos, na minha opinião) que foram aprovados nesse ano, assim como o Estatuto da família, Estatuto de desarmamento e a PL215 (sobre as terras indígenas), a PL 5069, representa violação da liberdade e do direito de escolha das mulheres brasileiras, coisa que não é da conta dos deputados conservadores que votaram a favor, nem da Igreja, nem da sociedade e é por isso que é preciso que o Estado brasileiro seja, de fato, laico e que todas as mulheres sejam respeitadas independente de suas escolhas, opiniões e crenças.

A cada ano são em média 50 mil denúncias de abuso sexual no Brasil, porém, segundo dados do IPEA, o número de casos de abuso passa dos 500 mil, sendo que em 89% dos casos, as vítimas são mulheres e, dessa porcentagem, 70% são crianças e adolescentes.Então, se você tem motivos religiosos ou não para ser a favor ou contra o aborto, isso é só uma questão de opinião. Mas para aqueles que são a favor, a legalização do aborto é ter a intenção de apoiar uma política pública que garanta que as mulheres não sejam presas ou mortas por escolher isso, trazendo mais segurança durante o processo. Em países onde o aborto foi descriminalizado, como Alemanha, Cuba, França, Holanda e Uruguai, a taxa de mortalidade de mulheres que realizaram o aborto de maneira legal e segura é baixa, e o número de gestações interrompidas também diminuiu, isso porque existem PPs que garantem às mulheres acesso à saúde e à informação.

Vinda de família religiosa, sempre fui muito bem informada sobre o livre arbítrio, ou seja, QUE QUE O ESTADO TEM A VER COM MEU ÚTERO????????? Se ele não tem nada com isso, quem dirá a Igreja não é mesmo?? O maior argumento dos religiosos conservadores (vou dizer assim porque tem muito religioso que não concorda com essa palhaçada), é que quem escolhe abortar só tá preocupado mesmo em tirar a vida do feto. Pois bem, como mulher, me sinto extremamente ofendida com essa fala. Como mulher meu papel na sociedade é: ser dona de casa, ter filhos, cuidar do meu maridinho, trabalhar e ajudar meu marido a sustentar a casa, afinal de contas ele não tem que dar conta de tudo sozinho né? Mas se eu não me encaixar em nenhuma dessas situações e escolher que o melhor para mim não é ter filho, o papel do Estado é falar que eu tô ERRADA, que eu tenho sim que ter o filho (Quem mandou transar né não? Agora aguenta), sem falar dos julgamentos da sociedade e da incerteza se o pai da criança vai ou não assumir a responsabilidade (porque, SURPRESA, os dois são responsáveis). Enfim, sobre aborto: APOIO. Apoio que toda mulher tenha capacidade de resolver o que é melhor para ela e para a vida dela.

E é nesse momento, também, que percebemos que o movimento feminista é importantíssimo, pois dá voz às mulheres e as encoraja a ir à luta pelos seus direitos. A gente não pode deixar que o projeto de lei feito pelo Cunha nos tire o direito de liberdade e escolha, nós devemos decidir o que fazer com o nosso corpo, nós devemos escolher o que é melhor para cada uma de nós, nós não podemos ficar reféns dos valores conservadores e patriarcais da nossa sociedade. Nós devemos permanecer empoderando as mulheres.

Taí uns vídeozinhos das mina que se organizaram, se empoderaram e fizeram manifestações contra a PL 5069 e contra o Dep. Eduardo Cunha nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo (rolou até aqui em BH) e foi tudo muito lindo.

https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/vb.292074710916413/325845310872686/?type=2&theater (RJ, 28 de outubro de 2015)

https://www.facebook.com/midiaNINJA/videos/562007067290776/ (SP, 30 de outubro de 2015)

Referências

https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/326223144168236/)

https://www.facebook.com/todasasmarias2/videos/916796611730243/?fref=nf

http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/140327_notatecnicadiest11.pdf

 
 
 

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