A mulher como mercadoria
- Victor Martino
- 25 de set. de 2015
- 2 min de leitura
Lembro-me que uns meses atrás fui em uma boate aqui em Belo Horizonte nos arredores da Savassi, cujo nome não vou especificar (dica: nome de uma posição no exército, menos influente que o tenente-coronel), e me deparei com uma situação extremamente desconfortável. Enquanto eu e meus amigos dançávamos, percebemos que algumas garotas estavam em cima do balcão do bar, dançando e se divertindo. Resolvi subir também, quando fui imediatamente empurrado pelo barman, que afirmou que homens não podem subir no balcão. Este fato inicialmente não me incomodou muito, até que parei pra refletir sobre o que aquilo significava. Um sexismo explícito e uma objetificação do sexo feminino, que não teria nenhuma função senão “vender” seus corpos para atiçar os homens e influenciá-los a se direcionar ao bar, gastar mais dinheiro e continuar frequentando o local, já que o “mercado” de mulheres se mostrava promissor.
Houve reincidência deste acontecimento mais frequentemente com um amigo meu, que também foi expulso do balcão e, posteriormente da boate. Somente após ameaçar entrar com um processo e difamar a reputação do recinto, foi permitida a sua entrada novamente. O pior é que esse tipo de tratamento ocorre em qualquer boate da cidade, são pouquíssimas as excessões. Em um outro evento, para comemorar meu aniversário, fui em outro clube, este com um nome que lembra um cômodo de uma casa, em que fui avisado que eu e meus amigos seríamos barrados por termos apenas 18-19 anos. Para testar o promoter, disse a ele que a maioria dos convidados seriam mulheres, o que mudou imediatamente o seu discurso. Já que mulheres atraem homens, não haveria problema com a nossa entrada.
Esse tratamento da mulher como mercadoria é algo que nunca deveria ser aceito, e eu não consigo assimilar o fato de que em pleno século XXI temos posições tão machistas sem nenhum tipo de consequência pelas ações de seus portadores. Esses nem são os piores casos, já que cheguei a ouvir histórias ainda piores, como racismo e preconceito contra mulheres “feias”, que foram proibidas de entrar em determinada boate, com a desculpa de estar “lotada”, mas permitindo a entrada de mulheres “bonitas” imediatamente depois. Já passou da hora de demandar respeito, já passou da hora de boicotar esses lugares, já passou da hora de todos expressarmos a nossa fúria e o nosso desejo pela igualdade.
Machismo, sexismo, não passará.
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